A Santa Ceia e a ressurreição do homem

Só pode entrar na cidade celestial pelas portas, aquele que lava as suas vestiduras no sangue do Cordeiro. Ou seja, que nasceu de novo e se alimenta da carne e do sangue de Cristo

Maiara Pires

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11.25).

Aquele que nasceu de novo agora também precisa alimentar o seu espírito, isto é, a nova criatura que ressurgiu das águas do batismo. Pois, a Bíblia declara: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4.4).

E qual é a palavra que sai da boca de Deus: o evangelho. Essa é a palavra que alimenta o homem espiritual

Por isso que o Senhor Jesus declarou: 

“(...) se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida” (João 53-55).

Sabe por que Jesus falou que a carne e o sangue dele são a verdadeira comida e bebida? Porque Ele é o próprio Verbo, a palavra que veio ao mundo em carne. 

Jesus é a palavra que alimenta o homem espiritual, aquele que não vive pela comida que perece, mas pela comida que permanece para sempre (a saber, o pão vivo que desceu do céu): “(...) quem comer este pão viverá para sempre” (João 6.58).

O apóstolo João fez uma descrição simples, mas, impactante, acerca da realidade do Verbo: 

“O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada)” (1 João 1.1-2).

É nesse contexto que entra a Santa Ceia na vida do cristão, sendo este ato, uma das credenciais para herdarmos a vida eterna. 

O livro do Apocalipse compara a Santa Ceia ao ato de lavar roupa: 

“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas” (Apocalipse 22.14).

Lavar as vestiduras no sangue do Cordeiro é participar da Santa Ceia

A comparação com o ato de lavar roupa é pelo seguinte: quando você usa uma roupa, não tem que lavar depois, por causa da sujeira? Do mesmo modo, quando nos batizamos, não deixamos de pecar: 

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1 João 1.8).

Isto não significa que iremos viver desobedecendo ao evangelho e depois é só pedir perdão a Deus que está tudo certo. 

A Bíblia fala que há pecado para a morte e pecado que não é para a morte:

“Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte” (1 João 5.16-17).

De acordo com o bispo Luciano Nascimento, entende-se como pecado para morte a blasfêmia contra o Espírito Santo (quando alguém não crê no evangelho): 

“Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mateus 12.31).

Ainda, assim, se alguém não crer no evangelho, não é julgado por isso. Todos têm o livre arbítrio para seguir ou não Jesus: 

E, se alguém ouvir as minhas palavras e não crer, eu não o julgo, porque eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar a mim e não receber as minhas palavras já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último Dia” (João 12.47-48).

Ocorre que Jesus é o único caminho para o reino dos céus. Então, cabe a cada um decidir se quer ser ressuscitado ou não no último Dia para a vida eterna, porque a sentença é só uma: “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado” (Marcos 16.16).

o pecado que não é para morte é todo aquele que é perdoável, segundo o bispo Luciano Nascimento. Entende-se como perdoável, qualquer pecado que não seja blasfêmia contra o Espírito Santo. Por exemplo, se alguém fizer o mal pra você, segundo o evangelho, você terá que perdoar essa pessoa.

Então, a necessidade de lavar as vestiduras no sangue do Cordeiro é por causa do pecado que acaba manchando as nossas vestes. E Jesus foi bem claro no Sermão da Montanha: 

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5.8). 

O escritor de Hebreus também: 

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14).

Logo, para ver Cristo precisamos estar alvos como a neve. E é o sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado

“Vinde, então, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Isaías 1.18).

A primeira e a segunda morte, a primeira e a segunda ressurreição


Perceba como o batismo é condição primeira para ser ressuscitado no último Dia. 

“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte (...)” (Apocalipse 20.6). 

E sabe qual é a primeira ressurreição? O batismo nas águas. Veja:

“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas” (Colossenses 2.12-13).

A primeira ressurreição é justamente o momento em que ressurgimos das águas do batismo, uma vez que estávamos mortos em nossas ofensas e pecados

Sobre aquele que tem parte na primeira ressurreição, não tem poder a segunda morte. 

E qual é a segunda morte: quando chega a hora do nosso último suspiro.

Quando essa derradeira hora chega, a Bíblia diz que ficamos dormindo, aguardando a segunda ressurreição - ou a primeira (para aqueles que não se batizaram). 

E olha o que acontece depois disso: 

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para a vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12.2).

Tem um pequeno detalhe que vale a pena ser ressaltado. Quando o apóstolo Paulo escreve aos Coríntios falando sobre o modo de celebrar a Santa Ceia, ele diz que qualquer que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor (1 Coríntios 11.27). 

E continua:

“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem” (1 Coríntios 11.28-30).

Muitas vezes, a pessoa que já se batizou, fica fraca, doente ou dormindo (morta espiritualmente ou fisicamente), porque come o pão e bebe o sangue de Cristo, indignamente, sem discernir o corpo do Senhor. 

Isto é, ela participa da Santa Ceia, mas continua em pecado. O resultado é que ela colherá o fruto do seu procedimento

“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7).

Por isso que Paulo fala para se examinar antes de comer o pão e beber o cálice. Porque, se for pra continuar vivendo como se não tivesse se batizado, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos, nem adianta participar da Santa Ceia. Pode continuar condenado com o mundo.

Outro aspecto importante a ser frisado, é que só será ressuscitado aquele que estiver com o seu corpo abatido, como diz o livro de Filipenses: 

“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Filipenses 3.20-21).

Um corpo abatido é um corpo mortificado para o pecado. Pois, como diz o livro de Coríntios 15.50: carne e sangue não herdarão o reino dos céus.

Então, quando chegar o último Dia - a volta de Cristo - para que possamos subir com Jesus, o nosso corpo terá que ser transformado. Mas, só será transformado, o corpo que estiver abatido.

E isso vale tanto para quem estiver no pó da terra, quanto para quem, estiver vivo. Daí o motivo de estarmos atentos e vigilantes, pois, não sabemos o dia e nem hora que iremos partir para esperar a ressurreição do último Dia.

O apóstolo Paulo faz uma síntese de como será esse tão esperado Dia:

“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4.13-18).


Ouça "Enquanto há vida, há esperança - Daniel Souza"

 

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