O mar do esquecimento


“Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miqueias 7.19)

Já está comprovado cientificamente o quão nocivos são os pensamentos negativos ou sabotadores, os quais influenciam nossos sentimentos e sugestionam como nos comportamos.

Ficar lembrando, remoendo acontecimentos desagradáveis não ajuda em nada o nosso bem-estar e ainda sabota nossas possibilidades e conquistas.

Pena que insistimos em voltar ao passado e revisitar tudo de ruim que nos aconteceu experienciando novamente o que houve, daí a necessidade de dominar os pensamentos. Ou, como diz o apóstolo Paulo:

Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10.5).

Para o psicólogo e doutor em neurociência do comportamento, Yuri Busin, se ficarmos relembrando constantemente como éramos no passado, será muito mais fácil potencializar aqueles velhos hábitos que podem impedir a nossa evolução no presente e no futuro.

O especialista aponta que investir em reflexões diárias também é uma estratégia produtiva como, por exemplo, valorizar as próprias conquistas. 

A dica dele é começar com pequenas coisas, como comemorar um trabalho bem feito ou colocar no papel o que pretendemos realizar a curto, médio e longo prazo.

Outro ponto é focar e viver o momento presente e identificar quais são os estímulos que levam a pensamentos sabotadores.

Percepção x Realidade

O livro bíblico de Miqueias lembra que Deus lança todos os nossos erros nas profundezas do mar, expressão também conhecida como “mar do esquecimento”.

Alguém pode, então, perguntar: Mas e o que fizeram comigo? Como fica?

Para essa limpeza emocional, Jesus aponta como remédio o perdão. Mas essa é uma conversa para outro post.

A Bíblia diz para que nenhuma raiz de amargura nos perturbe e, por ela, muitos se contaminem. Tudo, porque, a boca fala do que está cheio o coração.

Se formos analisar detidamente cada acontecimento na nossa vida, veremos que tudo é uma questão de percepção.

Já diz o presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (Sbie) Rodrigo Fonseca:

“Os problemas emocionais são resultados de distorção na percepção sobre algum evento desagradável na nossa história de vida”.


Assista "Mude a percepção para ver os dias bons":


Shawn Achor dedicou um capítulo inteiro do livro “O jeito Harvard de ser feliz” para falar e mostrar estudos a respeito da mudança de percepção da realidade e seus efeitos.

“A maneira como vivenciamos o mundo, e a nossa capacidade de prosperar nele, muda constantemente a partir da nossa atitude mental. Este princípio nos ensina como podemos ajustar nossa atitude mental (nosso ponto de apoio) de maneira a nos dar o poder (a alavanca) para atingirmos a realização e o sucesso”, diz o autor.

Esse conceito me lembra os ensinamentos de Cristo quando diz para olharmos tudo com bons olhos. Me lembra ainda o que escreveu o apóstolo Paulo aos Coríntios: o amor não suspeita mal (1 Coríntios 13.5).

Por tudo isso é que eu compreendo porque Jesus dizia que o seu jugo é suave e o seu fardo é leve: por causa do amor.

Pois o amor lança fora todo medo, (1 João 4.18) e, também, tira todo o peso de qualquer culpa ou ressentimentos.

“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados” (1 João 5.3).

O desafio é chegar a essa dimensão, a essa capacidade de amar como Jesus amou, uma vez que é da natureza humana duvidar.

E o que a dúvida tem a ver com isso?

É que amar é uma questão de fé (pelo menos é como observo). O apóstolo Paulo disse aos Romanos que é pela fé que somos justificados; temos paz com Deus e temos entrada a esta graça (a vida eterna). E complementa:

“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.5).

O bispo Luciano Nascimento fala que Deus está dentro de cada um que acredita nele. Em outras palavras, se alguém acredita que Deus está consigo, então ele está e se manifesta na sua vida. 

Pois o amor está derramado no coração pelo Espírito Santo. Esse "está", penso que já é algo determinado pelo Pai, cabendo a cada um de nós crer e receber esse amor pela fé para viver em novidade de vida, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do  nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

"Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus" (Efésios 3.17-19).

"Amnésia traumática"

De acordo com publicação da revista Mente Curiosa, com o passar do tempo, nosso cérebro pode deixar de lado as experiências ruins. 

O neurologista Cezar Augusto de Oliveira explica que o ser humano tem a capacidade de memorizar algumas coisas e escolher esquecer outras, naturalmente. 

Segundo ele, os especialistas chamam isso de "amnésia traumática", que é quando esquecemos de algumas coisas que nos fizeram muito mal.

A psicóloga Miriam Pontes de Farias reforça que esse "esquecimento" é vital para a saúde mental e para nossa sobrevivência, já que abre espaço para novos aprendizados.

“Esquecemos para não enlouquecer. Então, esquecer é necessário para dar espaço para novas experiências”, afirma. 


Ouça "Cura-me - Fernanda Brum":

♫♪ Cura-me em minhas lembranças / Cura o meu altar / Cura-me sou tua criança / Cura-me, cura-me, cura-me, Senhor Jesus ♫♪

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