Ela abraçou a paz

Foto: Arquivo pessoal

Ela percebeu pequenas evoluções na construção de si. Aos poucos conseguiu enxergar seus feitos e não mais se depreciar. 

Desacelerou. 

Parou de correr e andou. Viu flores no caminho. Apreciou. Achou lindo. Tirou o peso do passado. Limpou os entulhos da alma. Ficou leve. Sentiu alívio. 

O que antes a fatigava, hoje não mais a abala. Não é frieza, apenas mudou a percepção. Olhar tudo com bons olhos lhe pareceu mais inteligente do que brigar com a razão.

Abraçou a paz. 

Com as novas lentes, agora vê os desafios, ou o que lhe soa desagradável, como trampolim para o próximo nível. 

Olhou para dentro. 

Observou. Se impactou, mas gostou do que viu: pequenas, mas significativas revoluções internas. 

Decidiu silenciar algumas vozes e também conversar com elas. Passou a questioná-las.

Percebeu que o instinto de proteção dessas vozes, na verdade, a mantinha ancorada nas incertezas. 

Agora, quando elas aparecem, avalia racionalmente o que faz sentido e dá um passo à frente. 

O medo do desconhecido logo se transforma em curiosidade. Como se estivesse num laboratório, começa a fazer “experimentos” e se surpreende com cada descoberta. 

Sorri. 

Entendeu que o “bicho de sete cabeças” era fruto da sua imaginação criado pelas vozes internas que se diziam amigas. 

Aprendeu a usar a linguagem sensorial - sons, imagens e sensações - para criar seu futuro: quando não está executando, direciona os pensamentos que vão surgindo para novas criações que serão materializadas para sua própria edificação. 

Um movimento silencioso que impacta nos ambientes onde circula a sua “casa móvel”. 

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