O que faz uma equipe dar tão certo?

 Hannah Busing/Unsplash

Confira a seguir algumas chaves - que me impactaram profundamente - trazidas pela Renata Nigri na série Hacks da Comunicação Assertiva que aborda aspectos da comunicação no estilo assertivo para a consolidação de equipes fortes e engajadas: 

A base da construção de uma boa equipe é a confiança.

Sem ela, não é possível se expressar de forma aberta para trocar ideias, falar de temas sensíveis e discutir preocupações sem criar conflito.

Por sermos pessoas únicas, criativas, com pensamentos e visões de mundo diferentes, vamos ter conflito. Ele é saudável em qualquer ambiente, dependendo da mentalidade de quem se envolve nele.

Toda comunicação eficaz depende de entendermos o poder da palavra, a importância da empatia e saber escutar ativamente. Isso conecta.

A comunicação é uma via de mão dupla onde a gente precisa ser hábil para se expressar, não só por palavras, mas também pelo corpo, gesto e ritmo.

É necessário aprender a acolher o que vem a partir do que é emitido pelo outro. Só que esse canal pode ter muitos ruídos. 

Por isso precisamos desenvolver a capacidade de minimizar esses ruídos com muita autorresponsabilidade. 

Percepção interna

Daí vem a importância do autoconhecimento, de se escutar e de entender como a gente está se sentindo naquele momento para tocar em determinadas temáticas com o grupo.

Uma vez desenvolvida essa percepção interna, somos capazes de ler pessoas, ler a si mesmo, ler o ambiente, o contexto e o momento da exposição de ideias divergentes. 

Até a respiração é um aspecto importante da comunicação, pois ela traz clareza mental e nos deixa mais presentes no agora. Aprender a respirar nesses momentos traz lucidez, calma e criatividade. 

Uma boa comunicação e a escuta ativa dependem de estarmos presentes no que está sendo exposto tendo atenção plena.

São várias as maneiras de desenvolver não somente a atenção plena, como também a respiração para conexão interior.

Existem pessoas que fazem corrida, natação, meditação, ioga e tantas outras atividades com o fim de se conectar consigo mesmas. Isso contribui sobremaneira para a autopercepção.

Ainda nessa jornada de aprendizados dos conflitos saudáveis, a comunicação não-violenta nos ensina a discordar sem agredir ou desqualificar o ponto de vista do outro

Conflitos saudáveis

Isso tem tudo a ver com o desenvolvimento da capacidade de entrar num conflito, de ter a própria ideia confrontada e ficar tudo bem.

Se você é um líder e quer desenvolver uma equipe criativa, você precisa ser muito hábil para estimular os conflitos de uma forma que encoraje as pessoas a expor suas ideias.

Pois é nesse lugar que os conflitos irão emergir como oportunidade de enxergar as coisas por outras perspectivas.

Para inovar, criar e evoluir processos é preciso ampliar o horizonte. E, nessa ampliação de horizonte, a diversidade cognitiva e de ideias é fundamental.

O pulo do gato é encarar isso não como um duelo de ideias melhores do que as outras, mas de enxergar todas elas e conseguir projetar algo a partir de várias.

O bom senso na relação de conflito

Para trabalhar num mundo que precisa de colaboração e aprender a lidar com a diversidade também é preciso se despir da vaidade e desapegar da própria ideia, do certo e do errado e dar lugar ao bom senso, à ética, à justiça e à inclusão de novos conceitos.

Aprenda a posicionar seus pontos de vista de forma direta, objetiva, clara e respeitosa. 

Quando você os expressa, está implícito que é a sua visão de mundo e que existem outras e tudo bem. Isso é elegante, respeitoso e assertivo. 

Existem muitas faces de um ponto. Conseguimos enxergar perspectivas diferentes a partir das nossas próprias experiências, dos conhecimentos que nos trouxeram até aqui ou do conjunto de conhecimentos e experiências que o outro passou.

Por mais especialistas que formos em determinado assunto, tem sempre algo novo a aprender com o ponto de vista do outro porque ele teve uma vivência que é só dele. É a partir do seu olhar que conseguimos ir além e isso é  incrível. Isso conecta. 

É como se o outro pegasse na sua mão e lhe mostrasse a vista que ele está tendo e que você não conseguia enxergar do seu lugar. Isso requer flexibilidade.

Não significa, porém, que você precisa concordar com uma opinião divergente. Você pode continuar com a sua e respeitar a do outro. 

Comunicação assertiva

Se você quer ser uma pessoa com influência, desenvolva a sua comunicação assertiva. 

Quando você se dispõe a ser claro, objetivo e respeitoso ao máximo que puder, as pessoas irão te ouvir e te considerar mais. 

Quando você aprende a mudar de opinião, a edificar uma ideia que não é sua, a reconhecer que outras pessoas trouxeram perspectivas que você não tinha pensado - se você de fato valoriza isso -, além de gerar conexão, isso alimenta a base da confiança dos outros em você.

O fato de participar de algumas reuniões de trabalho e a sua ideia não se destacar, isso não te faz fraco, te faz uma pessoa que consegue ter coragem de entrar num grupo e valorizar as pessoas e aprender com elas. 

As lideranças que precisam da competência da comunicação para fazer as pessoas se entenderem e trabalhar o engajamento, precisam desenvolver os seguintes comportamentos:

  • Promover a cultura da confiança sem retaliar e nem julgar;
  • Estimular o debate construtivo encorajando as pessoas a se expressarem e aprenderem perspectivas diferentes ainda que não concordem, mas reconheçam que é importante ouvir outras maneiras de pensar entendendo que daí podem sair ideias incríveis;
  • Respeitar as diferentes opiniões e entender que conflitos são naturais e acontecem em ambientes saudáveis, com pessoas que conseguem manter o equilíbrio. Quanto mais pessoas inteligentes e criativas houver na equipe, isso é mais natural ainda;
  • Ter uma comunicação aberta no nível individual, além da visão de grupo. Isso é importante para dar e receber feedbacks construtivos e ajudar a encontrar novos caminhos para a pessoa se desenvolver, acertar mais e evoluir. Nesse espaço de feedback, também é importante escutar como a pessoa se sente, como ela se percebe e percebe as coisas e discutir sobre suas preocupações. Isso estimula o ambiente onde os indivíduos ficam menos receosos e se abrem para criar conflitos positivos. 

Valorize trabalhar ideias individuais e, a partir delas, criar resultados coletivos para o coletivo. 

Para isso é essencial dentro de um time ter papéis e responsabilidades bem definidos, entendendo que cada um faz parte de uma engrenagem.

Lidere com justiça no sentido de dar oportunidade para todo mundo e de tratar as pessoas de forma equânime, sem privilegiar aqueles que pensam igual a você.

Em cada oportunidade que tiver, edifique e reconheça as pessoas e o que elas estão fazendo.

Assista ao episódio "Perdendo o medo do conflito: o caminho para uma comunicação assertiva":

A equipe que deu certo

A esses insights da Renata Nigri acrescento o escrito do livro de Tiago:

"Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria" (Tiago 3:13)

Tudo o que Renata abordou tem relação direta com os ensinamentos do evangelho quando Jesus nos ensina a ser pacificadores

Também lembra o estilo de liderança do próprio Jesus quando começou a "recrutar" seus discípulos para ajudá-lo na missão de anunciar o reino dos céus. Cada um tinha habilidades e personalidades diferentes.

Decerto aqueles homens - a maioria iletrados - tinham pensamentos divergentes. Mas o Mestre conseguiu desenvolver o que cada um tinha de melhor para um fim proveitoso que era objetivo único de ir por todo mundo e pregar o evangelho à toda criatura.

Esse comportamento assertivo ensinado por Cristo, a Bíblia diz que vem do alto:

"Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia" (Tiago 3:17).

Já o contrário desse comportamento, ela diz que é terreno, animal e diabólico:

"Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa" (Tiago 3:14-16).

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