Sem desconforto, não há crescimento

Flor brotando numa terra seca
Foto: Canva

Em muitos episódios da minha trajetória, eu fugi e saí correndo de tudo que me deixava desconfortável e insatisfeita.

De fato, existem momentos em que uma roupa não nos cabe mais, um sapato não serve mais, determinado ambiente não é mais o nosso lugar.

E tantas outras coisas que, de tempos em tempos, precisamos lançar mão, recalcular a rota e analisar o que faz e o que não faz mais sentido.

Mas é preciso ficar atento para não sair correndo de situações que nos levarão para o próximo nível. Só agora - antes tarde do que mais tarde -, aprendi que crescer dói

De fora para dentro e de dentro para fora

Faça um exercício de olhar a sua vida de fora, como espectador. Sinta suas emoções e se pergunte com muito amor porque se sente assim. Ouça as suas palavras ou gritos e pergunte o que há por trás deles

Olhe para os seus comportamentos e se pergunte por que agiu ou vem agindo de determinada forma. E, principalmente, filtre seus pensamentos e veja para onde eles estão te levando.

Suas emoções, palavras, tom de voz, comportamentos e pensamentos são mensagens subliminares que requerem autopercepção aguçada para buscar as respostas que sempre estarão dentro de você e não foraO apóstolo Paulo, inclusive, nos exorta a fazer esse autoexame:

"Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos (...)" (2 Coríntios 13:5).

Foi me permitindo fazer esse exercício de dentro para fora e de fora para dentro que eu cheguei à conclusão de que, na verdade, o que fiz muitas vezes na minha trajetória foi fechar ciclos por conta própria.

Sempre que batia um desconforto ou insatisfação com alguma coisa, eu não olhava o que tinha por trás disso. Consequência: o ciclo se repetia e eu sempre saia correndo no mesmo lugar TODAS AS VEZES.

E se continuarmos fechando ciclos antes do tempo, aquele que começou a boa obra em nós, não conseguirá terminar e nos aperfeiçoar

"Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo" (Filipenses 1:6).

Tudo o que eu queria era não vivenciar nenhuma experiência que viesse me “espremer” de alguma forma. Eu tinha pavor só de pensar.

Como resultado, em muitos momentos eu deixei a desejar com a falta de paciência, alegria, mansidão, temperança, domínio próprio, paz, amor, longanimidade, benignidade, bondade e fé: o fruto do Espírito (Gálatas 5:22).

Depois que eu mudei o olhar e passei a enxergar os desconfortos como oportunidades de desenvolvimento de virtudes, a vida se tornou mais leve. 

Deus não nos tem deixado só

Para desenvolver essas virtudes, precisei compreender porque somos comparados a um jardim (Cânticos 6:2) e plantação do Senhor (Isaías 61:3). 

Precisamos ser regados com a fonte das águas vivas, que é o próprio Deus (Jeremias 17:3) e ser iluminados com o sol da justiça, que também é o Senhor (Malaquias 4:2), para que cresçamos adequadamente e no tempo certo.

Sozinhos, a gente não consegue suportar o sol escaldante da tribulação. Por esse motivo que Cristo nos deixou o exemplo quando foi para o deserto jejuar e orar (Mateus 4:1-11), nos mostrando que nunca esteve só:

“E aquele que me enviou está comigo; o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8:29).

Ele nunca estava só porque sempre fazia o que agradava o Pai. Da mesma forma, se fizermos o que agrada o nosso Pai celestial, venceremos a nossa própria carne e tudo mais que vier contra nós: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Até porque, o apóstolo Paulo exortando aos Filipenses disse: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Filipenses 1:29).

Mais que vencedores

Não fazer a vontade da carne e suportar as aflições fazem parte da vida de quem estiver trilhando a jornada do reino dos céus. Isso é padecer por Cristo. Mas não se entristeça por isso. Pelo contrário. Se regozije e se arme com o mesmo pensamento e comportamento do Senhor Jesus:

“Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento: que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado” (1 Pedro 4:1).

Se você padece na carne, já venceu ela, e os seus próprios desejos e vontades dos pensamentos não têm mais domínio sobre a sua vida. Isso é ser livre: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (João 8:36).

Você não precisa ficar refém do amor de outras pessoas, de vícios, de compulsões, de absolutamente nada. Porque em todas essas coisas você é mais do que vencedor por aquele que nos amou (Romanos 8:37).

O apóstolo Pedro também afirmou ser necessário que estejamos por um pouco contristados com várias tentações “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:7).

Maravilhosa graça

Cristo nos deixou o exemplo para que sigamos as suas pisadas (1 Pedro 5:21). Entre todas as provações, a maior que ele teve que suportar foi aquela pesada cruz. E era justamente por trás da cruz que estava a nossa vitória: ele venceu a morte mostrando que nós também poderemos ser ressuscitados no último Dia. 

Isso mesmo, nossa vitória. Ele suportou aquela prova para compartilhar conosco a Sua maravilhosa graça. Assim também acontece com as provações que nos sobrevém. Quem ganha são as pessoas ao nosso redor com a graça que é derramada por meio do nosso “sangue” (o padecimento na carne). 

Afinal de contas, quem é que gosta de conviver com uma pessoa ranzinza, estúpida, bruta e que só vive de cara amarrada? Quando padecemos na carne e também damos o nosso sangue na cruz que Jesus nos convidou a carregar para segui-lo (Lucas 9:23), as pessoas ao nosso redor são atraídas a Cristo também, como Ele declarou que seríamos ao ser levantado na cruz:

"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isso significando de que morte havia de morrer" (João 12:32,33).

Imagina como não devia ser a coisa mais sublime na terra conviver com o Pai da eternidade em carne aprendendo as suas virtudes? Quanto privilégio tiveram os discípulos ao receberem a revelação de que o próprio Deus visitou a humanidade! 

Eles  não hesitaram de padecer na carne entregando até mesmo a própria vida, porque viram diante dos seus olhos a Vida manifestada:

“O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada), o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra” (1 João 1:1-4).

A boa notícia é que “cristãos” significa pequenos Cristos. Temos, portanto, a centelha divina e podemos ser como Ele na Sua ausência física, pois fomos chamados para ser Seus imitadores (Efésios 5:1). 

E a nossa paz interior e demais virtudes desenvolvidas por meio do evangelho derramarão a graça de Deus sobre os que estiverem ao nosso redor. 

Vamos lá, atrair mais pessoas a Cristo?

Comentários

  1. Que texto perfeito!!🥰

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  2. Gerar testemunho dói. Se Cristo padeceu, quem somos nós pra não padecer também!

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